sábado, 23 de fevereiro de 2008

A vida em preto e branco


Persépolis é um ótimo filme, por alguma razão falar sobre ele se tornou um desafio descomunal pra mim. Escrevi e reescrevi umas 5 vezes. Nessa que espero ser a versão final, vou tentar ser o mais fiel o possível aos meus primeiros depois de ver o filme.

O filme narra a história de Marjane Satrapi, não por coincidência, a roteirista e desenhista do filme e da grafic novel na qual ele se baseia. Com a simplicidade do 2D e usando a maior parte do tempo preto e branco, o filme encanta pela forma e pelo conteúdo.

Marji, como é chamada pela mãe, cresceu em uma família de esquerda em plena Revolução Islâmica no Irã. Rodeada pelo clima revolucionário a garota aos 10 anos anda pela casa bradando "Morte ao Xá, morte ao Xá", ironizando e questionando as ordens dadas pelas professoras. Um dia durante um anúncio do governo no colégio, Marji levanta a mão e pergunta por que deveriam seguir aquela ordem que parece tão sem propósito. De volta em casa, os pais ficam preocupados com as conseqüencias que aquela pergunta pode trazer para ela. Por isso, mandam-na para viver em Viena, onde fica até os 20 anos.

E os spoilers acabam aqui.

A forma como tudo isso é contado que me pareceu genial, como por exemplo o crescimento físico de Marji, em que ela perde seu centro de gravidade. Acho que essa história não poderia ser contada de qualquer outra maneira. Live action, 3D, nada daria a mesma graça e sensibilidade à historia.

Marji é encantadora, principalmente quando pequena, no auge de seu calor revolucionário, ao conhecer seu tio ex-prisioneiro político, ou quando manda Deus calar a boca. Outro momento muito bom do filme é quando, na adolescência, Marjane começa a ouvir música americana e é repreendida por isso. Outro ótimo personagem é a avó, ela tem tiradas geniais, diz coisas que você jamais pensou ouvir da boca de sua vó.

Persépolis concorre neste domingo a melhor animação no Oscar 2008, como já disse no post anterior, torço pra que ganhe, por que ele inova ao ser tradicional. Nos últimos, não sei... 8 anos, a maioria (senão todos) dos concorrentes nessa categoria têm sido filmes em 3D, mega coloridos, familiares, musicais e fofos. Persépolis vai por um lado diferente, e consegue ser tão agradável quanto as demais animações.

Um comentário:

Marcelo disse...

Boa a crítica! Um pouco curtinha, mas sincera e gostosa de ler. Está indo bem! ;) Quero ver mais e mais críticas!