sábado, 12 de abril de 2008

Piaf não está lá



No meio de dezenas de filmes minimamente bons lançados nos cinemas, dois se aproximam bastante em relação ao tema: Piaf – Um hino ao amor e I’m Not There (não gosto do título em português, sei lá, meio perde a força – me chamem de americanizada mas “Eu não estou lá” não tem a MÍNIMA graça), sobre a cantora francesa Edith Piaf e o americano Bob Dylan, respectivamente. Apesar de os dois serem biografias de músicos, muita coisa muda entre os dois: estilos, épocas, públicos e em relação aos filmes, a forma de contar as histórias da vida deles.

Nos dois filmes a história é contada de forma fragmentada. No caso de Piaf, o filme vai e volta em diferentes momentos da vida da cantora. Vemos um pouco da infância, e em seguida algo do fim da sua vida, e o filme segue assim, intercalando diferentes momentos. No caso de I’m not there, a fragmentação é feita de uma forma que o longa parece na verdade uma série de curtas intercalados, pois cada parte conta uma fase da vida de Dylan, e cada um desses momentos é interpretado por um ator diferente.

TEC: ENTRA EFEITO FREADA DE CARRO *

Vamos com calma agora. Dois filmes acabaram de se multiplicar e se transformar em 7 histórias diferentes.

TEC: ENTRA EFEITO FITA REBOBINANDO

Ok, até a parte do Piaf vocês pegaram, certo? Agora vamos ao mais difícil: I’m not there. Bob Dylan. Cate Blanchet, Christian Bale, Ben Wishaw, Richard Gere, Marcus Carl Franklin e Heath Ledger. Cada um desses atores interpreta um personagem diferente, mas ao mesmo tempo, todos eles são Bob Dylan, ou o representam de alguma forma.

Essa complexidade é a grande graça do filme dirigido por Todd Haynes, e outra grande graça é que ao mesmo tempo que o filme foi feito especialmente para os fãs de Dylan – só grandes fãs vão entender todas as histórias e enxergar nelas o cantor – o público leigo (a.k.a. Eu) entende as histórias em si. Todas tem um começo, meio e fim, conflito, você se apega aos personagens e seus pequenos ou grande dramas. Por conta desses dois públicos diferentes, o filme pode ter interpretações diferentes, mas no fim das contas tanto fãs quanto leigos vão gostar do filme.

TEC: ENTRA EFEITO FITA REBOBINANDO

Voltemos à Edith Piaf, que coitada, foi deixada pra trás. Outro ponto em comum entre os dois filmes, são as atrizes: Mrion Cotillard e Cate Blanchett foram indicadas ao Oscar, a primeira a melhor atriz, prêmio que levou pra casa, e a segunda foi indicada a melhor atriz coadjuvante, e infelizmente, não venceu. Ambas trabalham lindamente seus personagens, e surpreendem. Marion interpreta Piaf dos 18 até seus últimos anos de vida – aí entra a equipe de maquiagem que também levou seu Oscar pra casa – mudando a postura, a voz, a expressão facial. Cate surpreende por interpretar um homem.

TEC: ENTRA EFEITO FREADA DE CARRO

É, ela faz um homem. E seu personagem, Jude Quinn, é o que, fisicamente, mais se parece com Bob Dylan. Depois de ver o filme eu falei que ela só não parecia mais o cantor americano por que era uma mulher, e todos que assistiram, concordaram comigo. Falando com uma voz rouca, irônica, com os trejeitos parecidos com os de Dylan, Blanchett me deixou arrepiada.

Aliás, o trabalho das duas atrizes me deixa arrepiada: é surpreendente como existem boas, ótimas atrizes por aí, o que nos garante, senão um filme inteiro bom, pelo menos uma atuação de deixar os cabelos em pé.

Quase me esqueço de falar sobre as trilhas sonoras, o que seria um pecado mortal. Não consegui baixar nenhum dos álbuns ainda, mas não preciso nem dizer que vale muito a pena. Nos dois filmes, se não me engano a trilha não é exclusiva de Dylan e Piaf, em sua maioria é, claro, mas o que não é dos homenageados, cabe perfeitamente nas cenas, sem tirar nem pôr.

Piaf é um pouco mais fraco que I’m not there, talvez por que a história da francesa não foi trabalhada de uma forma tão envolvente quanto no caso do filme seobre Dylan, ou talvez sua vida não tenha sido assim tão empolgante. Fato é que os dois filmes são pelo menos bons e merecem ser vistos, são ótimos para conhecer as obras, passar a gostar mais, ou se apaixonar de vez. Acho que mesmo se não gostar das histórias de algum dos dois, vale pelas atuações e pela trilha sonora.


*Para os que não entenderam isso aí, o que acho que foi a maioria das pessoas, isso são indicações de roteiro de rádio.

2 comentários:

Mi, de Camila disse...

Eu achei Piaf insuportável. Nem a atuação nem meu amor pela diva segurou.

Unknown disse...

eu tinha entendido...